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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Semântica financeira do BCP...



O BCP estreou ontem a época de resultados com números que, por trás das habilidades semânticas do costume, mostram os efeitos da crise em toda a sua crueza.
Um leitor menos versado nas técnicas linguísticas empresariais que se limitasse a ler a primeira página do comunicado, divulgado ontem após o fecho do mercado, ficaria convencido que o BCP nunca esteve tão bem. Os lucros do semestre totalizaram 101 milhões de euros mas, “excluindo o impacto de itens específicos” foram, afinal, de 265 milhões. A actividade internacional vai de vento em popa, a margem financeira cresceu 10%, o crédito concedido aumentou 13%, o malparado nem vê-lo.
Quando se olha para os tais “itens específicos”, o primeiro rombo, resultante da desvalorização da posição de 10% que o BCP tem no rival BPI, custou ao BCP 177 milhões de euros. Outra linha na demonstração de resultados, a da impuridade do crédito, que reflecte a desvalorização de acções e obrigações entregues como garantia de empréstimos, resultou na constituição de 206 milhões em provisões, mais do dobro do valor registado no ano anterior. Mas é preciso descer à página oito do comunicado para descobrir a explicação.
Porquê insistir em afastar estes “itens específicos” da mensagem principal quando são eles que explicam a quebra do lucro do banco e quando resultaram de decisões tão conscientes da gestão como a entrada num novo mercado ou numa nova área de negócio? Até porque nas alturas em que estas participações inflacionaram os lucros, através do produto bancário, nunca se as viu serem excomungadas. No comunicado dos resultados do primeiro semestre do ano passado, o único “item específico” excluído foi o “impacto dos custos da oferta sobre o BPI”. Sobre o impacto da valorização de 13% da posição no banco rival, nem uma palavra.
Não seria melhor reconhecer as más notícias à cabeça e explicá-las do que fingir que o mundo BCP continua a ser cor-de-rosa? Seria bom que a divergência entre a semântica e a substância, em que o “velho BCP” era mestre, se tivesse atenuado com a nova administração. Esta teria sido uma boa oportunidade para matar estes velhos hábitos, até porque, no essencial, o negócio principal do banco – captar depósitos e conceder empréstimos – até correu bem.
Infelizmente, numa altura em que os analistas prevêem que os resultados das principais empresas cotadas portuguesas deverá cair para metade, o BCP não será certamente o último a tentar suavizar com palavras a realidade dura dos algarismos.

Comentários:
vg
Afinal,também nas contabilidades deste capitalismo ilusório se arranjam as justificações de ocasião.É como a conversa de Sócrates e a dos organismos financeiros internacionais.Crise? Quer o copo meio cheio ou meio vazio?..

Xabregas
E o preço da Gasolina e do gasóleo ?! Não desce ??? Quando sobe sobe quase que por antecipação quando devia descer não desce também por antecipação. O facto é que existe uma orientação do Governo Socialista para não baixarem o preço dos combustíveis uma vez que ao fazerem-no os impostos agregados aos combustíveis e roubados pelos políticos governantes diminuiriam ainda mais e como a economia decresce as empresas a falirem ... está-me mesmo a ver que o que salva os tachos desta corja de bandidos são os impostos especiais sobre o consumo .... IEC... para cá IEC para lá....

Tribunus
Era expectável, que o novo administrador maravilha, não fosse habilidoso, para dar uma volta ao relatórios dos 6 meses, para que o incauto accionista, comprá-se gato por lebre. Foram os maus costumes da casa, ou também abusa deles? Conclui-se das palavras do editorial......

Septuagenário Furioso
Ninguém fala do imposto João Pequeno! Abram os olhos meus senhores. Não podemos continuar a aceitar que se governe este país à Luis XV...

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DEVE-SE LUTAR SEMPRE PELA VERDADE NO BCP....................... "A crise aperta, a crise é forte, a crise é farta, mas algumas instituições bancárias acharam que o melhor era enterrar ainda mais os endividados na lama". Pedro Ivo Carvalho, "Jornal de Notícias", 28-11-2009